quarta-feira, 2 de maio de 2012

La Traviata

Lembrei-me neste longo feriado de José Alencar em seu romance Cinco Minutos, ao assistir de Franco Zeffirelli o filme La Traviata, de Verdi. Carlota é a Dama das Camélias tupynambá ou guarany, no melhor estilo Alencar, sem as pouco pudicas aventuras desta.

Inicia-se a história, no Rio de Janeiro, quando o narrador perde o ônibus por um atraso de cinco minutos e é obrigado a pegar o próximo. Senta-se ao lado de uma mulher. Apaixona-se por ela, mas não vê seu rosto e teme que a mulher seja feia; ela parte pedindo que não a esqueça, mas ele a perde. Depois de um mês tentando descobrir quem é a amada, a encontra numa ópera (La Traviata, de Giuseppe Verdi), declara-se mas ela foge deixando um lenço cheio de lágrimas.

Depois de outros desencontros, finalmente o narrador conhece a mulher e declara-se. Por carta, ela revela que já o observava nos bailes, amava-o há tempos mas não podiam ficar juntos porque ela tinha uma doença incurável. Nesta mesma carta diz: Parti hoje para Petrópolis, sem prevenir-te, e coloquei entre nós o espaço de vinte e quatro horas e uma distância de muitas léguas. No dia seguinte ela partiria para Europa junto de sua mãe. Ela pede ao narrador para que, com tranquilidade, fosse até ela, se quisesse viver esse amor, mesmo com ela doente.

O narrador faz de tudo para ir atrás da sua amada e enfrenta diversos contratempos. Durante essa travessia, cita seu arrependimento por não ter tido a calma que Carlota recomendara: Pensava então que teria sido mais prudente esperar o dia seguinte e fazer uma viagem breve e rápida, do que sujeitar-me a mil contratempos e mil embaraços, que no fim de contas nada adiantavam.

De barco, se dirigiam à Glória, onde, por ser mais próximo da casa de Carlota, pretendia desembarcar. Porém quando passava diante da Ilha de Villegagnon, se viu diante do paquete inglês que estava a partir. Ele e Carlota deram um longo olhar. O narrador partiria no próximo paquete. Em todos os portos e lugares por onde o narrador passava haveria um bilhete de Carlota, que estava o esperando.

Se encontram enfim. Passam dez dias na Europa; à beira da morte, Carlota pede um beijo e no exato instante em que se beijam, por milagre, a moça se reanima e vive. Passam um ano na Europa, onde casam e montam casa num lugar retirado de Minas, numa provinciazinha.


Só para saber:
O filme, de 1982, é uma adaptação cinematográfica de Franco Zeffirelli da ópera "La Traviata", criada por Giuseppe Verdi em 1853, e cujo libreto, por sua vez, é adaptado de "La Dame aux camélias" ("A Dama das Camélias"), escrita por Alexandre Dumas fils (filho de Alexandre Dumas) no ano anterior. Ambientada na Paris dos idos de 1850, trata-se da trágica história de amor entre Violetta (Teresa Stratas) e Alfredo (Plácido Domingo). Violetta é uma prostituta, ou Traviata (expressão para indicar a mulher que seguiu por um "caminho errado"). Alfredo é seu protetor. Os dois se apaixonam perdidamente, contrariando todos os padrões morais de então. Mas o drama se estabelece quando Violetta descobre que Alfredo sofre de pneumonia, uma doença que poderá tirar sua vida.

É isto aí!

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