terça-feira, 1 de maio de 2012

O paradoxo do prazer

Um morador da Califórnia, nos Estados Unidos, está processando a montadora alemã BMW por ter supostamente causado sua impotência após uma ereção prolongada que durou 20 meses. Ele alega que a impotência foi causada pelo assento da moto ele. Sabe como é, aquela maciez, aquele barulhinho, aquela vibração, e depois de vinte meses de relacionamento, resolveu processar a montadora (no sentido lato) pelo fim da relação, ereção, sei lá, qualquer coisa por aí. Está aí uma séria relação homem-máquina exposta pela mídia.

As montadoras investem milhões e milhões de dinheiros diversos para que os veículos sejam sedutores, tanto para os homens como para as mulheres. O cheiro do carro novo é de uma nanotecnologia inimaginável à nossa compreensão de moral e ética. Isto é fruto desta situação advinda do fordismo, do consumo em série, para preencher um vazio que nunca se preenche. Assim, o design externo, o câmbio, o volante, o painel, o assento, tudo é para seduzir.

Psicanalista fosse, destes freudianos ortodoxos,  mergulharia nos conceitos de perversão – que ocorre quando o Ego sucumbe às pressões do Id, escapa do controle do Superego e não consegue se sublimar, e pode assim atingir uma dimensão social ou coletiva, como, por exemplo, o Narcisismo – onde o indivíduo se apaixona por sua própria imagem, cultivando durante muito tempo uma auto-estima exagerada.

Este mesmo mecanismo, e aqui nunca subestime o poder, é utilizado para propagar doutrinas como se fossem processos filosoficos inteiros. Mas uma doutrina não é um conceito filosófico, e isto qualquer leitura superficial já nos dá a percepção, mas a maioria não sabe disto. Entende que o prazer, o consumismo, a vaidade, a perfeição física, e outras tantas coisas mais, são originadas de um único pensamento global.

Seu sub-consciente sabe disto, e luta, luta, luta e apanha prá caramba, a ponto de ser engraçada a história do rapaz americano que teve prazer com sua moto. Assim, doutrinas teológicas, doutrinas partidárias, doutrinas antropológicos, ganham o status de verdade incontestável, a verdade única, que nos faz cegos, surdos e mudos.

Faça experiências ridículas e verá como você ficará na contramão desta onda gigante de uma nova ordem doutrinária. Por exemplo, fique tres dias sem celular, um mês sem ir ao shopping, não compre roupas desta ou daquela marca por seis meses, e por aí vai. Vão dizer, vão dizer mesmo, que você está doente. Ter prazer em uma moto é engraçado, mas ir contra a onda é doença grave contra um sistema invisível.

É isto aí!

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