domingo, 1 de abril de 2012

As pupilas do Senhor Eleitor

Júlio Dinis, que usou também o pseudônimo de Diana de Aveleda, foi um médico-escritor português do século XIX, batizado Joaquim Guilherme. Deixou o legado dos romances piegas, com final feliz e previsível em expressivos sorrisos ridículos e amarelos dos protagonistas de sua obra.

São estas coisas que me deixam crédulo para ver, por exemplo, a Çandy em meio a rapazes de luta marcial, tão a vontade quanto ficaria em meio a um encontro normal entre a Gaviões com a Mancha Verde. Isto é prova cabal de que Julio Diniz estava certo? Sei não, vamos colher mais provas.

Também muito me emociona os times da elite do futebol mineiro disputando um equilibradíssimo campeonato estadual, que se surpreenderão com uma final entre as partes. Não faltarão lágrimas, juras eternas, fogos e alegria contagiante. Dirá o campeão que o time já estará pronto para ganhar títulos de menor importância, de cunho nacional e internacional.

Assim como Julio Diniz, aguardo o final (dane-se a rima pobre) feliz da duplicação da BR381, principalmente agora que as grandes empresas da região estão cada vez mais em solo paulista. O governo nos tranquiliza com o informe de que as mortes "caíram" pela metade com a inclusão de 22 radares em menos de 120 Km. Veja só que alegria, bastaram radares para se morrer pela metade. Seremos então meio vivos doravante.

Enfim, para que não fiquemos todos muito emocionados com tudo isto, eu, tomado pela comoção literária de Julio, acredito que depois da crise demosteana, todos os caciques do planalto serão doravante probos senhores em favor dos eleitores tupynambás, cujas pupilas ficam sistematicamente retraídas por quatro anos, em um raro caso de uveíte promovida pela reluzente inundação de estrelinhas na lapela, ou pela reluzente plumagem tucana...

É isto aí!

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