Só São Paulo e Rio têm o privilégio de serem genuinamente do Sudeste. E o Espírito Santo? Bem, fica ali, hora Centro-Oeste, hora nordeste, depende muito do Vento-Sul.
O gênio que sacou esta distribuição foi um mineiro de Carlos Chagas, cujo currículo é uma extensa folha corrida, e que teve sua vida ascendida (uau) na orla carioca. Liderou com mão de ferro a entidade organizadora do esporte bretão tupynambá por 23 anos seguidos e saiu mas não caiu. Enquanto isto seu ex-sogro subiu no telhado...
Falando em tupynambás, hoje é o Dia do Índio, o povo mais sacrificado e admoestado na história desta grande e boba nação. Há um enorme ranço quando se fala dos índios. Não fazem nada, não servem para nada, não sabem nada, enfim, a maioria da população branca, eslava e ariana da pátria amada não sabe nem se são humanos ou uma espécie entre o ser superior branco e os primatas.
Falar do Índio e falar do Negro é de uma inquietude sem fim. Afinal somos brancos, não é mesmo? Temos o certificado de garantia que nenhum dos nossos antepassados foi negro ou índio. Dia destes estava em uma sala de espera e duas professoras começaram a debochar das cotas raciais para negros e índios nas universidades federais. Falaram todas as idiotices e insandices que todos sempre falam.
Achei que estava demais e resolvi interceder:
- Vocês apreciam a violência urbana?
- Vocês apreciam a formação de guetos?
- Vocês gostam de ver pobres sempre pobres?
- Vocês acham que pobres, negros e índios são todos retardados, bandidos, delinquentes?
Digo a vocês que este sistema de cotas não é um projeto de papa-votos. É uma das maiores revoluções sociais que este país já presenciou para com os mais carentes, os mais necessitados. Negros, pobres e índios estão ingressando nas faculdades, e formarão médicos, dentistas, advogados, engenheiros, filósofos, sociólogos, pedagogos, e muito mais outras profissões.
Estas pessoas transformarão sua família e seu grupo social, darão condições para que saiam da pobresa, do desprezo e da ignorância das pessoas que acham que o saber é restrito aos brancos. Teremos a redução de uma série de fatores de agravo social, e quando isto acontecer, aí sim, serei contra as cotas, porque seremos todos iguais.
Ganhei o beijo e o abraço da minha filha, mas nem, ao menos um sorriso monalisa das professoras. Deve ser por isto que não gosto de comemorar por só um dia o Dia do Índio.
É isto aí!
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