domingo, 22 de abril de 2012

Um dia tudo vira

Carla Bruni pode ter que retornar ao trabalho se seu marido não conseguir emplacar o trono gaulês. Mudar o tom da sua postura é algo que até então tinha certeza de que não ocorreria. Mas agora tem que correr atrás. Ter a máquina na mão não necessariamente é vitória. Ajuda, mas não garante muita coisa. 

E falando em derrota com a máquina na mão, Flamengo e Corinthians enfrentaram hoje as agruras de perder com o apito amigo ali, bem coladinho no tapete verde. Para alegria geral, apito amigo e domínio da parte administrativa não facilitam quando o candidato é fraco. Enfim, alegria, alegria, e no final tudo vira bosta, como dizia Moacyr Franco, em letra e música cantada (e pouco badalada ou muito abafada), por Rita Lee, por questões óbvias.

Moacyr Franco, já que citei, é uma destas personalidades ocultas mais discriminadas na história cultural tupynambá. Na década de 1980 estive pessoalmente em seu gabinete, quando deputado federal. Foi agradável, educado, mas radical quanto à sua postura política. Estava ligado à ideologia que naquela época eu contestava pelas nuances da juventude.

Sua trajetória artística é épica. Esteve na linha de frente da Bossa Nova e foi colocado de lado. Compôs nos anos 1960 uma das músicas de maior sucesso até hoje nos carnavais - Me dá um dinheiro aí - e foi colocado de lado. Esteve ligado à Jovem Guarda e foi colocado de lado. Nos anos 1970, no auge da carreira, em função de uma acidente automobilístico,  foi colocado de lado.

Vivendo uma situação nada fácil, passou a cantar em picadeiros de circos na periferia da paulicéia. Um dia, e este dia sempre chega, João Mineiro foi a uma destas apresentações, assistiu ao seu espetáculo, aguardou terminar e foi ao seu encontro. Queria, junto com Marciano, gravar algumas músicas dele, pouco conhecidas do público. João Mineiro era um grande garimpador de sucessos.

 “Ainda ontem chorei de saudade”, “Seu amor ainda é tudo” e “Se eu não puder te esquecer” estouraram e foi excelente para a dupla e para Moacyr Franco, que voltou ao cenário da mídia nacional, mas sempre colocado de lado.

Este é um daqueles mistérios da vida. Moacyr Franco é bom naquilo que faz, é transparente, e serve para fazermos uma reflexão no começo desta semana: ser franco (sem trocadilhos) é requisito para ser colocado de lado? O mesmo ocorre com grandes clubes tradicionais da pátria amada. Aos poucos vão sendo colocados de lado. Mas "aqueles" se esquecem que um dia tudo vira bosta...



É isto aí!



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